Entenda como esse fenômeno é real, presente e atua sutilmente para impedir a ascensão feminina para os cargos de liderança e poder.
Não é novidade para ninguém que no mercado de trabalho as mulheres ainda passam por desigualdades persistentes de gênero que levam a discriminação, estereótipos sociais, desigualdade salarial entre tantos outros percalços para se posicionar de forma igual e obter os mesmos acessos e recursos que seus colegas do sexo masculino, nas mesmas posições e nível de escolaridade.
Esse é certamente um dos fatores que estão enraizados na cultura da nossa sociedade patriarcal, mas que traz um reflexo negativo no cenário organizacional e também no desenvolvimento econômico do nosso país.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2018 apenas 37,8% das mulheres ocupavam cargos gerenciais nas organizações e a medida que a função é mais alta na hierarquia este número acompanha de forma decrescente, por exemplo as mulheres representam 7% das posições de vice-presidente e presidente nas organizações brasileiras, o que demonstra de forma prática que o fenômeno “teto de vidro” atinge todas as mulheres, sem exceção. Quanto mais alto o cargo, maior a presença masculina em quantidade e remuneração financeira.
A sociedade está em transformação
Mesmo mediante a essa constatação ainda se percebe que as mulheres vêm ocupando, gradativamente, maior participação em espaços sociais, culturais, políticos, profissionais e econômicos que antigamente eram reservados quase que integralmente aos homens, a sociedade está em transformação, lentamente, mas é possível observar movimento claros para apoiar e fortalecer mulheres para ascender de forma profissional em suas carreiras.
Toda visibilidade e informações disponíveis atualmente para a sociedade, demonstram com dados e fatos, inclusive estatísticos, a relação da mulher com as posições de liderança e poder, as reações sociais, profissionais e corporativas em ambientes tradicionalmente masculinos abrem a oportunidade de observação próxima e real do fenômeno “Teto de Vidro”, pesquisado e estudado em 1992 por Marily Davidson e Cary Cooper.
Essa expressão, se refere a um modelo de discriminação onde a produtividade feminina é menor do que a capacidade de produção dos homens, já que estes estão em total capacidade de criação e inovação das tarefas exigidas pelo mercado, é conforme definido pelos autores uma barreira invisível que impede as mulheres de ascender para posições de destaque e poder.
Nesse contexto percebemos, ainda que de maneira sutil, que as mulheres são subestimadas no cenário profissional e precisam travar uma guerra para que a sua inclusão e permanência no mercado de trabalho seja efetiva, reconhecida e meritocracia. É como se fosse realmente uma barreira invisível, ela existe, está lá, mas ninguém fala sobre ela em lugares tradicionalmente masculinos ou conseguem sequer observar e reconhecer sua existência.
Não deixar que uma mulher ocupe um cargo porque ela não terá a mesma flexibilidade de agenda para se dedicar exclusivamente a empresa quanto um homem por conta dos filhos, não deixa-la ocupar cargos altos pois ela precisa se ausentar vez ou outra para cuidar de assuntos pessoais ou até mesmo para ter um bebe, mesmo que o motivo não seja claramente verbalizado, uma mulher ao voltar de sua licença maternidade pode se sentir desconfortável pelo tempo que ficou afastada, como se tivesse feito algo errado, é o pensamento implícito no coletivo organizacional de empresas tradicionalmente masculinas.
Todos esses exemplos são fatores que comprovam que o fenômeno “Teto de Vidro” existe e está presente em grandes, pequenas e médias corporações, independente de ser consciente ou inconscientemente vivenciado pelas pessoas que formam a empresa e sua cultura.
Dariane Gatto, sócia fundadora do Instituto Kaz, Result Coworking e criadora do Mulheres que Lideram. Atua como Estrategista de Negócios & Mentora para Líderes e Empresários, especialista em gerenciamento de projetos, gestão de mudanças, gestão pública municipal e pós-graduanda em marketing e negócios digitais, master coach, certificada DISC, QEMP, ALPHA, HCMBOK e PMP, com mais de 1000 líderes impactados por seus programas e mais de 100 empresas atendidas para desenvolvimento de seus negócios, sócios e lideranças.
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